sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Evolução da Salinicultura de modo Tradicional no Algarve

Ao longo do tempo, o sector do sal atravessou várias crises que se deveram a políticas desfavoráveis e a crises económicas internacionais, que provocaram a falência das indústrias conserveiras. Contudo, nos anos 70, assistiu-se ao declínio acentuado da actividade em que muitas das unidades tradicionais deram lugar a aquaculturas e a explorações mecanizadas. Esse declínio deveu-se essencialmente a:
  • o aumento dos custos de produção, em particular de mão de obra;
  • as transformações de processos tecnológicos em unidades de indústrias químicas e da pesca, que conduziram a um decréscimo significativo na procure de matéria-prima – sal;
  • os mecanismos económicos internacionais, consubstanciado nomeadamente na liberalização dos mercados e no desarmamento pautal;
  • as alterações estruturais na sociedade portuguesa, reflectivas em aproveitamentos alternativos mais compensadores de áreas salineiras e no desenvolvimento de muitas actividades mais atractivas e remuneradoras de mão-de-obra;
  • a crescente desvalorização do sal, no nosso País, face à concorrência de oferta internacional.
A esta tendência resistiu um pequeno núcleo de produtores, sedeados em Castro Marim (cerca de 8), Tavira e Olhão (2 a 3), que se regiam pela “paixão pelo sal”, pelo apego ao território, por um trabalho feito a ritmo próprio e pela subsistência sem patrão.

Actualmente a área ocupada por salinas tradicionais no Parque Natural da Ria Formosa é de aproximadamente 140 ha, encontrando-se a maioria destas unidades abandonadas. Grande parte das salinas tradicionais foram transformadas em salinas industriais e pisciculturas.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Dia Mundial para a Preservação da Camada de Ozono

Hoje comemora-se o dia Mundial para a Preservação da Camada de Ozono. Este dia foi instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1994, para comemorar o dia da assinatura do Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Prejudicam a Camada de Ozono, em 1987.

A camada de ozono (O3) existe há muitos milhões de anos, tem a espessura de 15 Km, situa-se a vários quilómetros acima da superfície da Terra (na estratosfera, estrato entre 10 e 50 Km de altitude) e a sua função é protegê-la dos perigosos raios solares filtrando mais de 95% das radiações ultravioletas e deste modo preservar toda a vida na Terra.

Nas últimas décadas este “escudo protector” tem sido destruído pela libertação dos clorofluorcarbonetos, abreviadamente denominados CFC.Estes gases, produzidos pelo homem podem ser encontrados em produtos como: esferovite, chips de computador, sprays de perfumes, lacas, extintores, em aparelhos de refrigeração tais como ar condicionado, frigoríficos, arcas congeladoras, etc….


Como podemos contribuir para diminuir a emissão de CFC's para a atmosfera?
  • Na compra de aerossóis, artigos de refrigeração ou espumas, certificar-se que não têm CFC's;
  • Optar por produtos "roll-on" ou "stick", desodorizantes que sejam amigos do ambiente, em detrimento dos "sprays";
  • Optar por produtos rotulados como “amigos do ozono” ou “amigos do ambiente”;
  • Proceder à entrega de frigoríficos, aparelhos de ar-condicionado e desumidificadores usados em locais de reciclagem;
  • Assegurar que os técnicos que reparam os frigoríficos e aparelhos de ar condicionado recuperam e reciclam os velhos CFC’s de modo a que estes não sejam libertados para a atmosfera;
  • Verificar regularmente os aparelhos de ar condicionado das viaturas sobre eventuais fugas e proceder à mudança do refrigerante do carro caso o aparelho de ar-condicionado necessite de uma grande reparação;
  • Proceder à entrega de frigoríficos, aparelhos de ar condicionado e desumidificadores usados em locais de reciclagem;
  • Trocar extintores que usem “halon” por outros que usem compostos alternativos (ex. dióxido de carbono ou espuma);
  • Promover actividades escolares e cívicas com o objectivo de aumentar a consciência do problema e fomentar a acção local.

Curiosidades sobre Salinicultura

Aqui fica a compilação das publicações diárias efectuadas na nossa página do Facebook, sobre o tema “Sabia que…” aplicado à Salinicultura:
  • Sabia que… ao conjunto de salinas, e seu meio envolvente, que se encontram em determinada região dá-se o nome de Salgado.
  • Sabia que…a água do mar contém cerca de 85 oligoelementos e micro nutrientes.
  • Sabia que….o Sal Marinho Tradicional e a Flor de Sal, depois de recolhidos, secam ao sol, durante alguns dias, maximizando assim grande parte dos seus oligoelementos!
  • Sabia que….Marnoto é o nome para definir o trabalhador das Salinas.
  • Sabia que… o circuito da água, numa salina tradicional, tem o seu inicio no Tejo, passa depois para os Evaporadores e após uma determinada concentração de salinidade é transferida para os Cristalizadores e é aí que se dá a cristalização e se forma sal.
  • Sabia que… o acto de puxar o sal para fora do cristalizador se chama "Rer".
  • Sabia que… o “rer” do sal e “colheita” da flor de sal fazem-se de forma tradicional e ancestral, remontando ao tempo em que os “Romanos” ocuparam o território Nacional.  
  • Sabia que....a Flor de Sal é recolhida diariamente, à mão, e  que a ferramenta  utilizada na recolha se chama rodo.
  • Sabia que… a Flor de Sal foi, desde sempre, consumida em Portugal pelos Marnotos (trabalhadores da salina) em sua casa. Davam-lhe o nome de “coalho”  por flutuar à superfície da água tal como a nata no leite.
 

    segunda-feira, 12 de setembro de 2011

    Os Salgados do País

    Sabia que ao conjunto de salinas, e seu meio, que se encontram em determinada região dá-se o nome de Salgado?

    Em Portugal podemos encontrar cinco Salgados ao longo do litoral: os Salgados de Aveiro, da Figueira da Foz, do Tejo, do Sado e do Algarve. Cada Salgado tem as suas características específicas, quer na sua estrutura, quer no seu modo de funcionar, na forma de exploração do sal, nos usos e costumes, na nomenclatura e também na qualidade e, antigamente.

    As diferenças existentes entre os Salgados, tais como, a sua localização, a acção do clima nessa região, o tipo de água utilizada e mesmo o solo de que a salina é feita influenciam o tipo de sal produzido e as suas características.

    O traçado das salinas, a dimensão dos cristalizadores, as metodologias de produção e o vocabulário apresentam diferenças significativas entre os Salgados do País. Por outro lado, a fauna e flora dos Salgados são muito semelhantes pois pertencerem ao mesmo tipo de ecossistema, o sapal é entre médio a alto, contudo, devido às diferenças climatéricas a ocorrência de certas espécies, pode variar.

    No Salgado de Aveiro as salinas encontram-se localizadas em ilhotas no meio do sapal. Esta característica fez com que se associasse, à produção do sal, a utilização de barcos únicos e tradicionais, o mercantil, para transportar o sal para terra. 

    No Salgado de Figueira da Foz grande parte das salinas também se encontra em ilhas no meio do sapal. Os cristalizadores destas salinas são muito pouco fundos, o que faz com que não seja possível a recolha de flor de sal. Uma característica destes Salgado é a existência de grandes armazéns todos de madeira, apresentando uma construção única e tradicional.

    No Salgado do Tejo, uma das características peculiares de algumas das salinas é o casco, também denominado feltro, o qual consiste no revestimento do fundo do cristalizador por uma camada de algas, formando uma espécie de tapete.


    O Salgado do Sado, constituído por salinas de Alcácer do Sal, Palmela e Setúbal, estendendo-se ao longo do Rio Sado, é o mais antigo do país. Inicia-se quase junto ao agrupamento das salinas da margem esquerda do Tejo e estende-se numa faixa de cerca de 40 Km.

    O Salgado do Algarve estende-se do barlavento ao sotavento desta região. As salinas dispersavam-se por Portimão, Faro, Olhão, Tavira e Castro Marim. Actualmente concentram-se nas zonas de Olhão, Tavira e Castro Marim. O aspecto climático do Algarve e a composição dos solos, em particular do Sotavento Algarvio, apresentam condições óptimas para a produção de sal, actividade esta que é secular na região, e um dos únicos ramos que pesou de forma significativa na estrutura da economia regional.
    É neste Salgado que estão reunidas as melhores condições naturais para a prática da Salinicultura do País e é também esta a região pioneira nas modernas acções de valorização do produto sal artesanal - nomeadamente através da comercialização de flor de sal.

    Existem ainda as Salinas Interiores. A exploração de salinas solares (em que o sal cristaliza por evaporação) a partir de nascentes salgadas - as chamadas salinas interiores, esteve até ao início do século XX restrita a Rio Maior, região que adaptou a sua tipologia própria, com uma nomenclatura muito particular, em que até os salineiros são designados por marinheiros, facto que não ocorre nos restantes
    salgados portugueses. No entanto na primeira metade do século foram descobertas algumas nascentes salgadas na região de Leiria que foram exploradas. Curiosamente, no entanto pelo menos uma delas (a que se manteve em actividade durante mais tempo e com maior produção) adoptou, em termos de traçado, a tecnologia das salinas da Figueira.

    segunda-feira, 11 de julho de 2011

    Breve História da Salinicultura em Portugal

    O documento mais antigo que se refere ao sal português data do ano 959 e trata da doação de terras e marinhas de sal de Aveiro, feita pela Condessa de Mumadona ao Mosteiro de S. Salvador que fundara em Guimarães. Contudo, há evidências de que a exploração salineira no nosso território é bem mais antiga.

    A costa Atlântica da Península Ibérica tem tido desde há muito, uma excelente reputação pela sua produção de sal. O prato mais famoso na época do Império Romano, o Garum Ibérico, era aqui confeccionado e consistia numa pasta de peixe em azeite com ervas aromáticas e Salgado com sal marinho retirado das salinas da região (Le Foll, 1997).

    A existência de “salgadeiros” (tanques de argamassa rija com 3 metros de comprimento e 1,5 m de largura e altura) bem talhados e ainda hoje operacionais, parece demonstrar o avanço das metodologias da exploração do sal na Lusitânia durante a ocupação Romana (Século III) (Ferreira da Silva, 1966). Em 1178, no reinado de D. Afonso Henrique, já se explorava o sal nas margens do Mondego.

    Noutras regiões do Norte também, outrora, se produzia sal: em Vila do Conde e Matosinhos, no Século XI; no Porto, no séc. III; em Caminha, no séc. XVIII. Hoje, nenhuma das salinas destas localidades está activa.



    No Algarve, perto de Portimão, ainda existem salgadeiros do tempo dos romanos, o que indica que, nessa altura, já havia produção de sal nessa região. No reinado de D. João I, a quantidade produzida era tal que o governo facilitava a exportação para o estrangeiro, como medida de grande conveniência económica. Em 1532, D. João III ordenou a construção de vinte e oito salinas na região de Tavira, as quais já em 1790 se encontravam completamente arruinadas.

    Na Idade Média o sal era um artigo privilegiado, isento de qualquer imposto e de portagens. Não admira que tal acontecesse, pois o sal Português sempre foi considerado até no estrangeiro, de qualidade superior. Portugal foi um país exportador, no reinado de D. Afonso Henriques, Aveiro fornecia sal para todo território nacional e também exportava grandes quantidades. Mais tarde, no reinado de D. João I, foi permitida a exportação de sal do Algarve e de Lisboa.


    O Sal Português era então vendido a preços superiores ao do produzido nas minas da Europa Central. A sua importância foi tanta que, graças ao sal das salinas de Setúbal, Portugal pagou à Holanda, de acordo com o Tratado de 1669, 4.000.000 de cruzados pondo assim termo ao conflito entre os dois países e libertando o Brasil da ocupação neerlandesa (Rau V., 1958).
    Entre os países que mais sal português consumiram, destaca-se a França, a Holanda, a Dinamarca, a Noruega, o Reino Unido e a Suécia.